Resumo: O aumento das emissões antrópicas de gases de efeito estufa (GEE) e o desmatamento nas últimas décadas têm levado a muitas mudanças químicas e físicas no sistema climático, afetando o balanço energético e hídrico da atmosfera. Um processo que pode ser afetado é o transporte de umidade da Amazônia no continente sul-americano (incluindo a bacia do Prata), que é crucial para o regime hídrico do sudeste brasileiro. O foco de nossa pesquisa é avaliar como as forças locais (i.e. desmatamento da Amazônia) e globais (aumento da concentração atmosférica de GEE) podem modificar esse transporte de umidade em cenários de mudanças climáticas. Usamos dois modelos acoplados terra-atmosfera forçados pela temperatura da superfície do mar CMIP6 para simular esses processos para dois cenários: i) aumento do dióxido de carbono (CO2) – níveis atmosféricos de RCP8,5 (00DEF) e ii) desmatamento total da Amazônia simultâneo ao CO atmosférico2 níveis aumentados (100DEF). Esses cenários foram comparados com uma simulação de controle, definida com um CO constante2 de 388 ppm e cobertura atual da Floresta Amazônica. O índice de Nível de Aquecimento Específico 2 (SWL2) de 30 anos avaliado a partir das simulações deve ser alcançado 2 anos antes devido ao desmatamento da Amazônia. Observou-se redução da precipitação na bacia amazônica (-3,1 mm·dia-1) e na Bacia do Prata (-0,5 mm·dia-1) devido à redução da evapotranspiração amazônica (-0,9 mm·dia-1) por meio da diminuição da condutância estomática (00DEF) e da mudança da cobertura da terra (100DEF). Além disso, o transporte de umidade de renda diminuiu (22 %) no norte da bacia do Prata em ambos os cenários e experimentos modelo. Nossos resultados indicaram um cenário pior do que o encontrado anteriormente na região. Os regimes hidrológicos da Amazônia e de La Plata estão conectados (umidade e transporte de energia), indicando que um desmatamento em larga escala da Amazônia terá implicações climáticas, econômicas e sociais adicionais para a América do Sul.